domingo, 18 de outubro de 2009

RESUMO: AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES - JAIME PINSKY

POR MABEL FREITAS, IRENILDA COUTINHO E VINICIUS OLIVEIRA

O Historiador Jaime Pinsky em seu livro, “As primeiras civilizações”, desenvolve as suas análises de desenvolvimento do homem pré-histórico para o homem atualmente conhecido como civilizado, se baseando de forma análoga ao atual comportamento humano. Segundo o autor a concepção de evolução do que hoje chamamos de homo sapiens é atribuída aos materiais que o mesmo desenvolve na sua cadeia evolutiva ao longo da história, para que com esses instrumentos se tenha análise completa do cotidiano na época datada. A estrutura social também é investigada, na divisão de tarefas do trabalho de subsistência da época assim como suas atribuições para cada sexo. A hierarquização da estrutura político-social é outra análise feita pelo autor ao longo do seu livro.

As descobertas de fósseis não seguem a ordem de um roteiro preestabelecido, nem a vontade dos pesquisadores, para tal os arqueólogos necessitam se localizar em regiões de proximidades com outros recém achados arqueológicos. Nesta concepção o autor revela a dificuldade de se manter uma linha cronológica coerente das descobertas, pois a cada instante pode está se descobrindo novos artefatos que venham a invalidar aquele que foi catalogado como anterior aos demais em outro momento.

Demonstra, o historiador, uma grande preocupação com relação à como as lacunas da história muitas vezes são preenchidas de forma arbitrária por cientistas a partir de especulações muitas vezes infundadas ou pouco prováveis, conseqüências que surgem devido à implantação da idéia de que a ciência pode responder a todas as questões, concepção no século XIX. Por isso muitas vezes pode haver distorções de teorias supostas anteriormente a partir de uma interpretação errônea. Como exemplo, o livro traz as contradições feitas ao redor da “seleção natural” proposta por Darwin.

Outra preocupação do historiador, Pinsky, é a de não impor aos ancestrais, a pessoas que viveram em época muito distinta da atual realidade, valores, padrões de comportamento e vontades que são do recente conceito de civilização. O que o autor quer deixar de forma clara é que deve se analisar o homem evoluído do homem estereotipado como primata, o meio em que cada um convive e as dificuldades que cada um enfrenta. Ao notar o exemplo de instrumentos rudimentares e as altas tecnologias que o ser humano dispõe hoje, assim como a expansão geográfica do homem, conclui-se que foi necessário a atitude de aventurar-se e ousar para dar certo nível no processo de evolução da humanidade.

A idéia de “seres primatas” corresponde a uma organização social incipiente, um sistema de crenças baseado em superstições infantis, e uma arte ingênua, o tempo todo tomado pela preocupação angustiante da sobrevivência. A partir de este parecer o livro nos encaminha ao questionamento sobre a inquietude humana e seus conceitos de valores. É notável que o homem vá à busca cada vez mais da riqueza técnica e do progresso material, afinal o que o homem busca na verdade com todo este avanço, é nesse ponto que o autor se baseia na construção da obra.

O homem na sua estrutura social e em seu mecanismo de sobrevivência divide as tarefas de seu cotidiano “primata” entre os sexos, onde a mulher fica responsável pela coleta (cereais e ervas que mais tarde se desenvolve para a atividade agrícola), e o homem pela caça. Tal divisão de deveres deixa até hoje como relata o autor, qual seria o grau de importância que supostamente o homem tem perante a mulher, ao responder esta questão, ele revela que esta suposição é meramente estabelecida pelo poder físico do homem que vem a ser maior do que o da mulher e do fator mítico da hegemonia masculina.

A revolução agrícola proporcionou a locomoção dos homens na época, para que assim eles pudessem aumentar a sua área de cultivo e saciar todo o ciclo de subsistência do seu grupo, nas suas diversas subdivisões de trabalho. Com o advento da agricultura, os grupos podiam ser maiores desde que dentro de limites estabelecidos pela fertilidade do solo, quantidade de terra disponível e estrutura organizacional da tribo. Este processo intenso de subdivisões e deslocamentos provocou uma onda de difusão da agricultura e a atividade pastoril, buscando o estoque dos mantimentos para a manutenção alimentícia da população.

A passagem da atividade coletora para a agrícola deu-se de uma maneira brusca ou através de magia, é uma forma errada de se pensar sobre esse assunto, segundo o autor. Esta transformação ocorreu através de um longo processo que incluiu cuidadosa percepção dos fenômenos naturais, elaboração de teoria causa/efeito e doses de acidentalidade, como explica Jaime Pinsky. Ao desenrolar deste processo, a economia simples de produção de alimentos provocou grande transformação nos grupos primitivos, possibilitando as primeiras estocagens.

Na criação das cidades, o homem se torna realmente sedentário. Surge ai então a hierarquização da sociedade, formando a chamada pirâmide social, onde se estabelece um poder político. Para defesa de seus argumentos o autor utiliza as implicações da formação das cidades no cotidiano da época, que de maneira muito interessante reflete até hoje na realidade do século XXI:

“Uma civilização, via de regra, implica uma organização política formal com regras estabelecidas para governantes e governados (mesmo que autoritários e injustos); implica projetos amplos que demandem trabalho conjunto e administração centralizada (como canais de irrigação, grandes templos, pirâmides , portos, etc.); implica a incorporação das crenças por uma religião vinculada ao poder central, direta ou indiretamente (os sacerdotes egípcios, o templo de Jerusalém, etc.); implica uma produção artística que tenha sobrevivido ao tempo e ainda nos encante (o passado não existe em si, senão pelo fato de nós o reconstruirmos); implica a criação ou incorporação de um sistema de escrita (os incas não preenchem esse quesito, e nem por isso deixam de ser civilizados); implica finalmente, mas não por último a criação das cidades.”

Observando este trecho supracitado, pode se concluir que a formação de uma estrutura de ordem civil não depende somente das edificações de uma cidade, mas também é formada por uma conjectura política, religiosa e lingüística.

Jaime Pinsky dirige o seu livro nos últimos capítulos para as especificidades das mais famosas civilizações antigas, Mesopotâmia, os Egípcios e os Hebreus. Ao descrever a Mesopotâmia o historiador, fala sobre o poder da religião sobre esta civilização, e como tal religiosidade, na configuração do sacerdote, mantém o controle de sua população, por base do confisco de objetos e animais além de forçar seus submissos a trabalhos não remunerados.

Não é de se acreditar que quando posto um rei nesta civilização, ele tenha rompido com a religião. Pelo contrário ele passa a atuar junto com ela. Viabiliza dinheiro para construir ou decorar templos, fornece matéria-prima e às vezes até mão-de-obra. Em troca, busca a legitimação de seu poder que surgido dos homens vai se tornando divino, fórmula que mais a frente se tornaria um “clichê” político de quaisquer líderes de estado.

Para o avanço da escrita e da documentação de importantes assuntos, foi necessária na época a criação de uma linguagem baseada na simbologia. As atribuições de uma nova linguagem não deteriam somente a escrita e sim a um sistema de medidas para facilitar as leituras de dimensões e volumes. O cuneiforme mesopotâmico: originalmente pictográficos, o cuneiformes evoluíram para ideogramas e eventualmente, para escrita silábica.

A criação de códigos onde se pregava a jurisprudência, como o código de Hamurábi, revela segundo o autor, o início de uma formação jurídica no estado. Mas tais leis como a citada por Hamurábi, pregavam a punição criminal, assim como se evidenciava o conceito de propriedade privada e pública, e também na área da família, onde demonstra o direito e dever do homem e da mulher.

Ao descrever os egípcios o autor relata que esta civilização começou a ser montada com trabalho organizado a partir de condições geográficas favoráveis. A comunidade de camponeses (felás) era submissa aos mandos e desmandos dos sacerdotes que representavam as palavras do faraó. Os felás eram responsáveis pela produção agrícola, pela mão-de-obra nas construções, o mecanismo utilizado para sua submissão ao faraó era a visão divina que se tinha desse chefe de estado, que não só representava o Egito na política, mas também como na força militar e na religiosidade (sendo igualado a um verdadeiro Deus).

Uma das principais características da civilização do Nilo eram as suas edificações, muitas até hoje levantam questionamentos sobre o seu processo de construção, devido a falta de tecnologia necessária para tais obras. Estes monumentos da antiguidade eram erguidos muitas vezes para servir de tumba para os faraós no momento de seu falecimento, idealizava-se também que tais construções ostentariam o império egípcio, expulsando de certa forma os seus inimigos. Tal grandiosidade nas edificações desafiava desde aquela época as forças da natureza, a exemplo da construção de barragens, que até hoje é utilizada na construção civil.

A cultura hebraica se desenvolveu no primeiro milênio a.C., localizava-se na mesopotâmia. Pinsky ao longo do capitulo tenta deixar claro que mesmo com muitas passagens bíblicas que narram a vida da sociedade hebraica não existem evidências que os acontecimentos tenham a veracidade.

Acredita-se que o povo hebreu inicia-se a partir do momento em que se instalam na região de Jericó. Com o tempo acontece a transição da sociedade sem poder central para uma monarquia centralizada.

Davi, rei muito conhecido pelo seu carisma e por ser um ótimo combatente, assumiu o trono, mandou construir um palácio, mas, percebeu que faltava o prestigio religioso, logo viu chance de se apoiar em Iavé, o deus dos hebreus. Depois seu filho Salomão, assumiu seu trono e conquistou muitas terras a partir de casamentos onde os dotes eram territórios, porém, perdeu prestígio de seus súditos quando se viu obrigado a cobrar impostos, coube a ele construir o templo de Jerusalém, para tentar unificar o povo hebreu.

Apesar dos esforços de Salomão para manter a unificação do povo hebreu, Israel é destruída e assim as tribos hebraicas passaram a aderir a outras culturas e Iavé perdeu o prestígio, meio século depois o reino de Javé e reconstruído e o templo de Jerusalém reerguido e povo hebraico pode enfim ter sua identidade cultural restabelecida.

CONCLUSÃO

A todo momento na descrição dos seus capítulos Jaime Pinsky , tenta retratar com definições muito claras a ordem dos acontecimentos. O que quase todo historiador tenta fazer é a recomposição dos fatos para que haja uma coerência, pois se estamos aqui de modo tão evoluído é porque alguém antes deste atual conceito de civilização se viu obrigado a mudar as estratégias para que pudesse sobreviver.

Ao fazer a leitura deste livro pode-se executar um olhar crítico para a evolução da humanidade, e entender que não passamos por uma seleção natural, mas sim por uma adequação à natureza, aprendendo a dominá-la e desenvolvendo habilidades a partir da observação. Uma ilustração para isso foi a necessidade de dominar o fogo para inibir seus predadores e cozinhar seus alimentos, outro exemplo seria a agricultura que substituiu o ato da coleta, e a criação que substitui a caça, e essas sim fizeram com que a partir daí o homem tenha se sedentarizado. O homem ligado a terra pode dividir tarefas, criar o ato do trabalho coletivo e mais tarde organizar-se em uma sociedade urbana com classes sociais e deuses que em muitos lugares explicavam o poder que muitos monarcas detêm.

Desta forma a sociedade que vivemos hoje de forma tão hierarquizadas, mestiça e desigual, mas também com traços políticos desenvolvidos, e economia com grande amplitude, surgiu através da necessidade que o homem possui de organização. Afinal as invenções nascem conforme sua precisão.

PALAVRA-CHAVE: civilização, humanidade, evolução, formação, organização social.


domingo, 13 de setembro de 2009

"O caráter de um homem é o seu destino."

O Clube do Imperador (The Emperor’s Club), um filme com Kevin Kline, que por sinal é um ator espetacular em seus trabalhos, fazendo deste filme inesquecível. Kline protagoniza no papel de um professor de História Antiga, prof.º Hundert, para um colégio conservador que relembra muito o cenário inglês de educação particular. Este educador tem como grande desafio lidar com o caráter de um aluno, rebelde e desprovido de atenção por parte do pai, tal antagonista mantém o padrão mal caráter até o fim de toda a produção.
A grande batalha deste professor ou de qualquer outro é fazer com que seus alunos sejam honestos e tenham uma boa educação profissional e moral, este filme é a verdadeira confissão de que o caráter não é algo que se aprende na escola ao longo de toda uma vida acadêmica e sim de princípios básicos da família.
É muito simples para os pais deixarem seus filhos na escola impondo aos professores que eduque seus filhos sem que eles também tenham esta responsabilidade, dentre outras temáticas essa é a que mais me chama atenção neste filme. A transferência de responsabilidades de casa para a escola não deve existir, mas sim da fusão e cooperação da família e da escola para que assim sejam formados cidadãos de caráter incorruptível.
Ao ver este filme vocês, leitores, irão entrar em contato com as vantagens e desvantagens de seguir o ramo da educação. É necessário lembrar só para concluir que a família também é uma escola assim como a escola é uma família, pois ambas irão formar futuros pais, mães e professores.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Somatizando tudo


Caramba! Sabe aquele momento em que você começa a estudar um assunto e começa a se sentir tocado mesmo com aquilo, mesmo que você não tenha vínculo direto nenhum com o fato ali expressado. Esse foi meu caso hoje, estava lá de boa lendo um material sobre nazismo para dar aula a um aluno, e do nada eu comecei a xingar Adolf Hitler, eu senti a dor daqueles judeus, dos socialistas e de todo idealista da oposição... Como aquele filho da puta pode ter feito tanta coisa ruim com os outros e sua morte, nínguem sabe como foi, eu oro para que tenha sido com um abacaxi bem no meio do cú desse sacana.
Mas eu fiquei tão puto que lembrei das sábias palavras de meu professor de história no ano passado: "Hitler, aquele beócio". Mas acredite se formos analisar por um lado, Hitler foi até mesmo um herói em algum dado momento para algumas pessoas, mesmo tentando negar isso com toda minha raiva, esse sacana deu a Alemanha recém saída de uma guerra mundial, totalmente arruinada, uma luz no fim do túnel, ele mostrou que com ordem e uma liderança forte todos podemos ir além daquilo que esperam de nós... Não quero fazer apologia ao nazismo não, mas espero ter respostas que como historiador nunca ouvi, será mesmo que Hitler foi tão vilão assim ou fizeram dele uma imagem demoníaca? Será que esse filho da puta também foi herói de alguém? Quem sabe?
Lutei nos meus estudos para conseguir uma resposta sensata, mas nada consegui, li Hobsbawm, li todos os historiadores possíveis para me responder essa que talvez seja para alguns uma resposta simples, quando não se estuda história com profundidade. Busquei e nada aparecia, fui longe no último instante busquei ao próprio livro de Hitler, Mein Kampf, entendi que naquela fúria contra judeus, idealistas da oposição e outras etnias. Estava expresso ali naquele livro a frustração de um homem sem bons sentimentos ocasionados por um passado inglório, que talvez tenha ali a sua desculpa, mas quantas pessoas morreram por aquilo. O que levou a um homem matar pessoas que nada tinham haver com suas frustrações? Que se tornou um líder tirando proveito do sentimento de rancor nacional, é triste para mim saber que não há uma explicação histórica para tal atitude, pois nem a própria psicologia conseguiria entender tamanha fúria. E ai cabe a minha pergunta novamente, quem terá sido realmente Adolf Hitler?